Serviços

Colorações Histoquímicas

A coloração é uma técnica utilizada em microscopia para aumentar o contraste nas estruturas em uma imagem microscópica de cortes histológicos e preparados de células. Colorações e corantes são usados no Laboratório de Patologia para visualizar estruturas teciduais e celulares com a ajuda de diferentes tipos de microscópios. A coloração pode ser simples quando usado apenas um corante ou pode ser múltipla, por exemplo, quando for necessário uma contra-coloração, coloração dupla ou tripla.

Os tecidos que podem ser corados são ditos cromáticos. Cromossomos tem seu nome por causa de sua capacidade de absorver uma coloração violeta. Uma afinidade positiva para uma coloração específica pode ser designado pelo sufixo -fílico. Por exemplo, tecidos referidos como azurofílicos coram com corante azul (coloração de Romanowsky). A terminologia pode ser usada também para propriedades mais gerais de tecidos, como acidófilo para tecidos que coram por corantes ácidos (Eosina, ver abaixo), basofílicos quando corados por corantes básicos (Hematoxilina) e anfifílicos quando corados por ambos corantes ácido e básico. Ao contrário, tecidos cromofóbicos não são corados facilmente.

Colorações Histoquímicas

Hematoxilina-Eosina

Hematoxilina e eosina (coloração de H&E ou HE) é a principal coloração histológica utilizada na rotina laboratorial. É a coloração mais usada pelos Patologistas na rotina de diagnóstico médico histopatológico. O método envolve a aplicação de um complexo formado a partir de íons de alumínio e um produto de oxidação da hematoxilina. A Hematoxilina (corante basofílico com pH básico - carga positiva - tem afinidade por estruturas ácidas - carga negativa) cora DNA/RNA no núcleos e ribossomos de células e algumas outras estruturas, como grânulos querato-hialina e material calcificado em tons azul e violeta. Essa coloração nuclear é seguida de uma contra-coloração com uma solução aquosa ou alcoólica de Eosina (corante acidofílico com pH ácido - carga negativa - tem afinidade por estruturas básicas), que cora estruturas eosinofílicas em vários tons de vermelho, rosa e laranja. Estruturas eosinofílicas são geralmente compostas de proteínas intracelular no citoplasma de células ou de proteínas extracelulares como colágeno. Além disso, algumas outras estruturas intracelulares como os corpos de Lewy e os corpúsculos de Mallory são descritos como estruturas eosinofílicas. Hemácias são coradas intensamente em vermelho com essa coloração.

As estruturas contidas em cortes histológicos não têm necessariamente que ser ácidas ou básicas para serem chamados basofílico ou eosinofílico. Essa terminologia apenas se baseia na afinidade dos componentes celulares para qualquer corante. Outras cores podem aparecer na mostra, como o amarelo e o castanho. Elas são causadas por exemplo por pigmentos intrínsecos, como a melanina. Outras estruturas não coram bem com o HE, sendo necessário uma coloração especial mais específica. Por exemplo, para a visualização adequada de lâmina basal deve-se realizar uma coloração de PAS e para fibras reticulínicas se exige uma coloração por prata (ver colorações especiais abaixo). Estruturas hidrofóbicas permanecem claras ou não coradas, sendo geralmente ricas em gorduras (adipócitos, mielina de axônios neuronais e membranas do complexo de Golgi).

Papanicolaou

A coloração de Papanicolaou é uma técnica de coloração citológica multicromática usada para diferenciar células em esfregaços. Ela é usada principalmente em amostras citológicas de secreções corporais, esfregaços ginecológicos, escarro, lavados, urina, líquido cefalorraquidiano, líquido abdominal, líquido pleural, líquido sinovial, líquido seminal, amostra de punção aspirativa por agulha fina, decalques de tumor, etc.
A mistura clássica da coloração envolve o uso de cinco em três soluções. Essa mistura faz uso dos corantes Hematoxilina, Orange G, Eosina Y, Light Green SF Yellowish (verde luz amarelo) e Pardo Bismarck Y. A coloração deve exibir tons de todo o espectro de cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta. Os padrões de cromatina se tornam bem visíveis e as células ficam relativamente transparentes, permitindo avaliação de espécimes mais grossos e com células sobrepostas. Os núcleos ficam com coloração azulada até enegrecida. Células com queratina ou glicogênio ficam amareladas. Na citologia cervical (exame ginecológico de colo uterino) as células superficiais ficam com tonalidade laranja ao rosa, e células intermediárias e parabasais tornam-se esverdeadas até o azul. Células metaplásicas frequentemente coram em tons de verde e rosa.

Colorações Histoquímicas Especiais

Alcian Blue

Membro de uma família de corantes básicos polivalentes, é usado para corar polissacarídeos ácidos, como glicosaminoglicanos em cartilagens, alguns tipos de mucopolissacarídeos, mucinas e outras estruturas do corpo. As estruturas no tecido que coram por este corante azul tornam-se verde-azulados e são chamados de “alcianofílicos". Essa coloração pode ser combinada com a coloração de HE, PAS (ver abaixo) ou van Gieson (ver abaixo).

Ferro Coloidal (de Hale)

A técnica de ferro coloidal é usada para demonstrar mucopolissacarídeos carboxilados e sulfatados, e glicoproteínas. É baseado na captação de íons de ferro carregados positivamente com carboxilatos carregados negativamente e grupos de sulfato com terminações em mucinas ácidas. Os íons férricos ligados são detectados ou visualizados por tratamento subsequente com ferrocianeto de potássio para formar depósitos azulados de ferrocianeto férrico ou azul da Prússia (ver abaixo). A técnica de ferro coloidal é muito sensível para a detecção de mucinas ácidas, mas é menos utilizada que o Alcian Blue.

Giemsa (Wright-Giemsa)

A coloração é específica para os grupos fosfato do DNA e regiões de DNA com grandes quantidades de ligação timina-adenina. É usada para corar cromossomos em bandas, chamado de bandagem-G, e gerando um cariótipo (mapa cromossômico). A técnica pode identificar aberrações cromossômicas como translocações e rearranjos. A coloração cora o trofozoíto Trichomonas vaginalis e a espiroqueta Helicobacter pylory. Giemsa também pode ser combinada com a coloração de Wright para formar a coloração Wright-Giemsa. Esta última é usada para identificar bactérias patogênicas aderidos às células humanas, corando diferencialmente células humanas em roxo e bactérias em rosa. É utilizada no diagnóstico histopatológico de malária, espiroquetas e protozoários parasitas no sangue. Também é utilizado em manchas de tecido Wolbach.
A coloração de Giemsa é usada em esfregaços de sangue periférico e amostras de medula óssea. Eritrócitos coram de rosa, plaquetas de rosa pálido, linfócitos com citoplasma azul claro, monócitos de azul claro, e a cromatina nuclear de leucócitos de magenta (fúcsia ou rosa brilhante). Giemsa também cora o fungo histoplasma, a bactéria clamídia e Yersinia pestis, e pode ser usado para identificar os mastócitos.

Reticulina

Usado para visualizar fibras reticulínicas, que são argirofílicas, principalmente no fígado, baço, biópsias de medula óssea e em tumores.

PAS (periodic acid-Schiff)

Coloração de muita utilidade, pois marca glicogênio, mucina, mucoproteínas, glicoproteínas e também fungos. Pode-se fazer pré-digestão com amilase para remover coloração para glicogênio. Usada para delinear estruturas de tecidos como membranas basais, cápsulas, vasos sanguíneos, etc.

BAAR (Bacilos Álcool-Ácido Resistentes, técnica de Ziehl-Neelsen)


A coloração usa carbol-fucsina para corar as paredes de lipídios de organismos ácidos resistentes, tais como micobactérias como M. tuberculosis. O método mais utilizado é o de Ziehl-Neelsen. Uma modificação desta coloração é conhecida como “Fite”, que usa um ácido mais fraco para os bacilos mais delicados de M. leprae. No entanto, grande parte do lipídio das micobactérias é removida pelo processamento tecidual, por isso, essa coloração pode, às vezes, não ser muito sensível. A coloração mais sensível para micobactérias é a auramine que exige um microscópio de fluorescência para visualização. Há outros organismos além das micobactérias que são álcool-ácido resistentes, incluindo: Cryptosporidium, Isospora, e os acúleos dos cisticercos.

Vermelho Congo


A coloração demonstra depósitos de amilóide em cortes histológicos. O amilóide cora de forma homogênea e é eosinofílico. Os depósitos são extracelulares e quando suficientemente grandes causam danos nos tecidos. Sob luz usando lentes polarizadoras, o amilóide se torna birrefringente de cor esverdeada ao microscópio.

GMS (Grocott-Gomori Methenamine Silver)

A coloração faz uso de nitrato de prata para corar paredes celulares de fungos e Pneumocystis jiroveci (carinii). As paredes celulares destes organismos são coradas de preto ou marrom. Também pode ser usado para corar carboidratos.

Azul da Prússia (Ferro, Coloração de Perl)

Hemossiderina (grânulos de armazenamento de ferro) pode estar presente em áreas de hemorragia antiga ou ser depositados nos tecidos com sobrecarga de ferro (hemossiderose é o termo usado, se o ferro não interfere com a função dos órgãos; e hemocromatose quando acontece uma condição de sobrecarga de ferro associada com falha do órgão).

Mucicarmine

Coloração utilizada para corar mucinas. As mucinas são secreções produzidas por células epiteliais e células do conjuntivo. Um excesso de mucina pode ser secretado por células epiteliais em inflamações e em carcinomas. A técnica pode ser útil para identificar fungos encapsulados, como o Cryptococcus.

Tricrômio (de Masson)

Usado rotineiramente em biópsias de fígado e rim. É usado para diferenciar colágeno de músculo liso em tumores, e identificar aumento de colágeno em doenças como a cirrose. Faz uso de três corantes para corar de forma seletiva: músculo, fibrina e queratina em vermelho; fibras de colágeno e osso em azul ou verde; citoplasma de células de rosa e núcleo de células em preto.

Verhoeff’s Van Gieson

Usado para visualizar fibras elásticas em tecidos e diferenciar colágeno de outro tecido conjuntivo, principalmente na pele e vasos. É uma mistura de ácido pícrico e fucsina ácida. Pode ser útil para demonstrar diminuição do tecido elástico em casos de enfisema, e adelgaçamento e perda de fibras elásticas doenças vasculares, como a arteriosclerose. Alterações como divisão e fragmentação de fibras elásticas podem ocorrer na pele com a idade, tornando-a enrugada e amolecida. As fibras elásticas e núcleo das células coram de preto, colágeno em vermelho e o resto dos elementos teciduais em amarelo.

Receba novidades