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Imuno-histoquímica

A imuno-histoquímica, e também a imunocitoquímica, são métodos de localização de antígenos específicos em tecidos ou células baseados em uma reação antígeno-anticorpo. O desenvolvimento da técnica de IHQ começou em 1941 e após uma série de evoluções na técnica, em 1974, Taylor e Burns descreveram a primeira demonstração de um antígeno através de IHQ em tecido fixado em formalina e incluído em parafina.

A evolução da técnica de IHQ permitiu o aumento do seu uso no laboratório de patologia diagnóstica, onde se passou a realizar múltiplas “colorações” (marcação) com anticorpos diferentes em uma mesma amostra. Desde os anos 90, a técnica tornou-se rotina nos laboratórios de patologia, principalmente para o diagnóstico e classificação de tumores. Atualmente, a imunofenotipagem por IHQ é fundamental para demonstração de expressão de marcadores prognósticos e preditivos de tratamento em tumores e doenças. A aplicação generalizada da IHQ em pesquisa e na clínica, aconteceu essencialmente devido ao desenvolvimento da técnica de geração de hibridomas (permitindo a geração de anticorpos mais específicos), ao aumento da sensibilidade da coloração da reação (usando sistemas de detecção avançados baseados em polímeros) e a utilização de técnicas eficazes de recuperação antigênica (principalmente, a induzida pelo calor).

Painéis Básicos de Imuno-histoquímica

Imunofenotipagem & Diferenciação Tumoral

Tem como objetivo identificar a expressão de marcadores de linhagens celulares e tipos celulares em tumores. A abordagem inicial geralmente inicia com a distinção entre células com diferenciação epitelial, mesenquimal, hematopoiética, embrionária ou melanocítica. Marcadores como vimentina, citoqueratinas, CD45LCA, S100 e outros são utilizados inicialmente. Marcadores que identificam expressão neuroendócrina, muscular ou germinativa podem ser utilizados. Marcadores individuais para proteínas, proliferação celular, apoptose, ou tumor específico podem ser usados para distinguir casos de hiperplasia e neoplasia.

Expressão de Marcador Prognóstico e/ou Preditivo

Tem como objetivo identificar a expressão de fator prognóstico em uma neoplasia. Os fatores preditivos são importantes, pois direcionam e predizem resposta a determinados regimes terapêuticos ou medicamentos específicos. Um exemplo, é a identificação da expressão de receptores hormonais e superexpressão da oncoproteína HER2 em carcinomas de mama.

Classificação & Subtipagem de Neoplasias

O uso de marcadores imuno-histoquímicos é fundamental na classificação e subtipagem de neoplasias. O método auxilia o estudo morfológico e permite determinar a diferenciação celular nos tumores. Além disso, dentro de categorias diagnósticas específicas (ex. linfomas) é fundamental na subtipagem antes da determinação do tratamento a ser realizado pelo paciente.

Investigação de Sítio Primário de Neoplasia

A investigação da origem primária de uma neoplasia metastática é um desafio para o médico oncologista e médico patologista. A necessidade de identificação do sítio primário de um carcinoma metastático é fundamental para determinação de tratamento adequado ao paciente. A IHQ tem um papel muito importante ao orientar, através da utilização de marcadores tumorais, e investigar diferenciação nas neoplasias, indicando uma possível origem do tumor.

Pesquisa de Micrometástase em Linfonodo

A avaliação de linfonodo para identificação de metástase pode algumas vezes ser problemática. Focos pequenos de neoplasia (micrometástase) podem não ser identificados pela coloração usual de hematoxilina e eosina. A IHQ auxilia na identificação de micrometástases em neoplasias selecionadas. Exemplo: investigação de micrometástase de melanoma em linfonodo sentinela.

Pesquisa de Agentes Infecciosos

A identificação de agentes infecciosos é fundamental na confirmação de algumas alterações histopatológicas. Alguns agentes infecciosos (ex. HPV, EBV, Helicobacter Pylori, etc) são responsáveis pelo desenvolvimento de neoplasias.

Exclusão de Doença Linfoproliferativa Clonal

O estudo de linfonodos e infiltrados linfóides difusos pode ser muitas vezes problemático apenas pela avaliação morfológica. A imuno-histoquímica funciona como método auxiliar entre uma proliferação linfóide clonal, que favorece uma neoplasia (ex. Linfoma), e uma proliferação linfóide mista reativa inflamatória. Uma linfadenite inflamatória reativa por infecção viral pode mimetizar uma doença linfoproliferativa. Nestes casos a realização de imuno-histoquímica é fundamental no diagnóstico diferencial.

Confirmação, Definição e Conclusão Diagnóstica

Muitas vezes existe sobreposição de achados clínicos e patológicos em neoplasias. Um tumor pode aparecer em um local não comum ou pode se apresentar em uma idade não esperada. Nestes casos, uma confirmação diagnóstica por imuno-histoquímica dá segurança para início do tratamento adequado. Além disso, há casos onde é difícil a distinção entre uma neoplasia ou uma lesão inflamatória reativa. A imuno-histoquímica pode muitas vezes definir o diagnóstico diferencial.

Pesquisa de perda de expressão de genes de reparo (proteínas MMR) e Instabilidade de Microssatélites

A pesquisa sobre a perda de expressão dos genes de reparo (proteínas MMR) e a instabilidade de microssatélites (MSI) é relevante para a compreensão de processos carcinogênicos e a identificação de tumores com deficiência no reparo do DNA. Além disso, é fundamental a investigação para diagnóstico e tratamento de diversos tipos de tumores.

Genes de Reparo (MMR):

  • Os genes de reparo codificam proteínas que corrigem erros de replicação do DNA.
  • As proteínas MMR (Mismatch Repair) incluem MLH1, MSH2, PMS2 e MSH6.
  • Mutações ou perda de função nesses genes levam à deficiência do processo de reparo (dMMR).
  • A perda de expressão dessas proteínas é um marcador para a dMMR.

Microssatélites (MS):

  • Sequências curtas e repetidas de DNA com 1 a 6 pares de base.
  • Variam entre indivíduos e são consideradas uma identidade genética.
  • Associados a funções celulares e processos carcinogênicos.

Instabilidade de Microssatélites (MSI):

  • Alta propensão dos MS para mutações durante a replicação.
  • O sistema de reparo (MMR) deve estar íntegro para corrigir essas mutações.
  • MSI é detectada por PCR ou sequenciamento de próxima/última geração (NGS).

Outros

Outros usos para imuno-histoquímica incluem: a determinação de índice proliferativo, pesquisa de densidade vascular e invasão vascular, identificação de marcador molecular substituto, caracterização de substâncias secretadas por células neoplásicas (tumores de hipófise, paratireóide, tireóide) e etc.

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